O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 264 / 279

Você é meu filho, Eugène! Amai-a, seja um pai para ela. A outra é bem infeliz. E as fortunas delas! Ah meu Deus! Estou a morrer, sofro um pouco demais! Cortai-me a cabeça, deixai-me só o coração.

- Christophe, ide buscar Bianchon - gritou Eugène, assustado pelo carácter que tomavam os queixumes e os gritos do velhote - e trazei-me um cabriolé.

- Vou buscar as suas filhas, meu bom pai Goriot, irei trazê-las.

- A força, à força! Chamai um regimento, a infantaria, tudo! Tudo disse, deitando a Eugène um último olhar onde brilhou a razão. - Dizei ao Governo, ao procurador do rei, que mas traga, exijo!

- Mas acabou de maldizê-las.

- Quem disse isso? - respondeu o velhote, estupefacto. - Você sabe bem que eu as amo, adoro-as! Estou curado se as vejo... Vá, meu bom vizinho, meu querido filho, vá, você é bom; queria agradecer-lhe, mas não tenho nada para lhe dar a não ser as benzas de um moribundo. Ah! Quereria ver pelo menos Delphine para lhe dizer para pagar a minha dívida para consigo. Se a outra não pode, trazei-me esta. Dizei-lhe que não a amará mais se ela não quiser vir. Ela ama-o tanto que virá. Dai-me de beber, tenho as entranhas a arder! Metei-me algo sobre a cabeça. A mão das minhas filhas, isso salvar-me-ia, sinto-o... Meu Deus! Quem reconstruirá a fortuna delas se me vou? Quero ir a Odessa para elas, a Odessa, fazer massas.

- Bebei isso - disse Eugène, levantando o moribundo e segurando-o no braço direito enquanto, com o outro, segurava uma taça cheia de infusão.

- Você deve amar bastante o seu pai e a sua mãe! - disse o velhote, apertando com as suas mãos já sem forças a mão de Eugène.

- Está a compreender que vou morrer sem ver as minhas filhas?

Ter sempre sede, e nunca beber, eis como vivi durante dez anos.





Os capítulos deste livro