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Capítulo 1: O PAI GORIOT

Página 271

- Vamos - disse-lhe Bianchon -, vestimos-lhe a camisa. Segura-o direito.

Eugène pôs-se à cabeça da cama, segurou o moribundo a quem Bianchon tirou a camisa e o velhote fez um gesto como que para guardar algo sobre o peito, e deitou gritinhos de dor inarticulados, como os animais que têm uma grande dor a exprimir.

- Oh! Oh! - disse Bianchon. - Quer uma pequena corrente com cabelos e um medalhão que lhe tirámos há pouco para lhe colocar os moxas. Pobre homem! Temos de voltar a pô-la. Está em cima da chaminé.

Eugène foi pegar numa corrente entrançada com cabelos de um loiro escuro, talvez os da senhora Goriot. Leu de um lado do medalhão: Anastasie, e do outro: Delphine. Imagem amada que repousava sempre sobre o seu coração. Os caracóis lá contidos eram de uma tal fineza que deviam ter sido cortados durante a primeira infância das duas filhas. Quando o medalhão tocou no peito dele, o velhote fez um ah! prolongado que anunciava uma satisfação assustadora de ver. Era um desses últimos ecos da sua sensibilidade, que parecia retirar-se para o centro desconhecido de onde partem e para onde se dirigem as nossas simpatias. A cara dele, convulsa, adoptou uma expressão de alegria doentia. Os dois estudantes, tocados com este terrível brilho de uma força de sentimento que sobrevivia ao pensamento, deixaram cada um cair lágrimas quentes sobre o moribundo que deitou um grito agudo de alegria.

- Nasie! Fifine! - disse.

- Ainda vive - disse Bianchon.

- Para quê? - disse Sylvie.

- Para sofrer - respondeu Rastignac.

Após ter feito sinal ao camarada para o imitar, Bianchon ajoelhou-se para passar os braços debaixo das pernas do doente, enquanto Rastignac fazia o mesmo do outro lado da cama passando as mãos dele debaixo das costas.

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