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Capítulo 1: O PAI GORIOT

Página 272
Sylvie estava ali, pronta para tirar os lençóis quando o moribundo fosse levantado, a fim de os substituir por aqueles que trazia consigo. Enganado talvez pelas lágrimas, Goriot usou as últimas forças para estender as mãos, encontrou de cada lado da cama as cabeças dos estudantes, agarrou-os violentamente pelos cabelos, e ouviu-se muito tenuemente:

- Ah! Meus anjos! - Duas palavras, dois murmúrios acentuados pela alma que partiu com esta frase.

- Pobre homem - disse Sylvie, enternecida por essa exclamação onde se pintou um sentimento supremo que a mais horrível, a mais involuntária das mentiras exaltava uma última vez.

O último suspiro desse pai devia ser um suspiro de alegria. Esse suspiro foi a expressão de toda a sua vida, continuava a enganar-se. O pai Goriot foi piamente colocado sobre a sua tarimba. A partir desse momento, a sua fisionomia guardou a marca dolorosa do combate que se travava entre a vida e a morte numa máquina que já não tinha essa espécie de consciência cerebral de onde resulta o prazer e a dor para o ser humano. Era apenas uma questão de tempo para a destruição.

- Vai ficar assim algumas horas e morrerá sem que nos apercebamos, não emitirá nem um som. O cérebro deve estar completamente invadido.

Nesse momento, ouviu-se na escada um passo de jovem mulher ofegante.

- Chega demasiado tarde - disse Rastignac.

Não era Delphine, mas Thérèse, a criada de quarto dela.

- Senhor Eugène - disse esta -, deu-se uma cena violenta entre o senhor e a senhora, por causa do dinheiro que essa pobre mulher pedia para o pai. Desmaiou, o médico veio, tiveram de a sangrar, ela gritava: «Meu pai está a morrer, quero ver o papá!» Enfim, gritos de cortar a alma.

- Basta, Thérèse. Ela vir agora não serviria para nada, o senhor Goriot já não está em si.

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Capa do livro O Pai Goriot
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O PAI GORIOT 1