Capítulo 1: O PAI GORIOT
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& suas ilusões da infância, as ideias da província tinham desaparecido. A sua inteligência modificada, a ambição exaltada fizeram-lhe ver com mais clareza no meio do ambiente paternal, no seio da família. O pai, a mãe, os dois irmãos, as duas irmãs e uma tia cuja fortuna era feita de pensões viviam na pequena terra de Rastignac, Essa propriedade com um rendimento de mais ou menos três mil francos estava submetida à incerteza que regia o produto todo industrial da vinha, e no entanto era preciso extrair todos os anos dois mil francos para ele. O aspecto deste constante desespero que lhe era generosamente escondido, a comparação que teve obrigatoriamente de estabelecer com as irmãs, que lhe pareciam tão belas na infância, e as mulheres de Paris, que lhe tinham facultado o tipo de beleza sonhada, o futuro incerto desta numerosa família que assentava nele, a enorme atenção com a qual viu apertaram-se as pequenas produções, a bebida feita pela família com resíduos do lagar, enfim uma multitude de circunstâncias inúteis para serem aqui apontadas, aumentaram o seu desejo de vencer e deram-lhe sede de distinções. Como acontece às grandes almas, só quis contar com o seu próprio mérito. Mas tinha o espírito eminentemente meridional; ao ser executadas, as suas determinações deviam portanto ser tocadas por essas hesitações que apanham os jovens quando estão no alto mar, sem saber para que lado dirigir as forças, nem sob que ângulo encher as velas. Se de início se quis lançar de corpo inteiro no trabalho, seduzido depressa pela necessidade de forjar relações, notou o quanto as mulheres têm influência na vida social e reconsiderou depressa lançar no mundo, para aí conquistar protectoras: será que faltariam a um jovem homem ardente e espiritual
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