«Aqui estão duas boas amigas», pensou Rastignac. «Terei então duas protectoras. Estas duas mulheres devem ter as mesmas inclinações, e esta irá talvez interessar-se por mim.»
- A que belo pensamento devo a felicidade de te ver, minha querida Antoniette? - disse a senhora de Beauséant.
- Vi o senhor de Ajuda-Pinto a entrar na casa do senhor de Rochefide e pensei então que estava sozinha.
A senhora de Beauséant não mordeu os lábios, não corou, o olhar ficou impávido, a testa pareceu ficar mais branca enquanto a duquesa pronunciava estas fatais palavras.
- Se tivesse sabido que estava ocupada... - acrescentou a duquesa, virando-se para Eugène.
- Este é o senhor Eugène de Rastignac, um primo meu - disse a viscondessa. - Tem tido notícia do general de Montriveau? - disse. Sérizy disse-me ontem que já não o viam, foi a sua casa hoje?
A duquesa que, pelo que constava fora abandonada pelo senhor de Montriveau de quem estava profundamente apaixonada, sentiu no coração a lâmina dessa pergunta e corou quando respondeu:
- Estava ontem no Eliseu.
- Em serviço - disse a senhora de Beauséant.
- Claire, sabe provavelmente - retomou a duquesa lançando raios de maldade pelos olhos - que amanhã se publicam os banhos do senhor Ajuda-Pinto e da menina de Rochefide?
Este golpe era demasiado violento, a viscondessa empalideceu e respondeu, rindo:
- Um desses boatos que divertem os estúpidos. Por que é que o senhor de Ajuda iria levar até a casa dos Rochefide um dos mais belos nomes de Portugal? Os Rochefide são nobreza muito recente.
- Mas Berta irá juntar, segundo se diz, 200.000 libras de dote.
- O senhor de Ajuda é demasiado rico para fazer contas.
- Mas, minha querida, a menina de Rochefide é encantadora.