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Capítulo 1: O PAI GORIOT

Página 85
Quando acabou de escrever estas cartas, ressentiu no entanto uma trepidação involuntária: palpitava, tremia. Este jovem ambicioso conhecia a nobreza imaculada dessas almas escondidas na solidão, sabia que tristezas provocaria às irmãs e também que alegrias; com que prazer discutiriam em segredo sobre esse irmão querido, entre quatro paredes. A consciência dele levantou-se iluminada e mostrou-as contando em segredo o pequeno tesouro, viu-as, desenvolvendo o engenho malicioso das jovens raparigas para lhe enviarem incógnito este dinheiro, experimentado uma primeira mentira para serem sublimes. «O coração de uma irmã é um diamante de pureza, um abismo de ternura!», pensou. Tinha vergonha de ter escrito. Quão poderosos seriam os votos delas, quão puro seria o impulso da sua alma para o céu! Com que volúpia não se iriam sacrificar? Com que dor não seria atingida a mãe, se não pudesse enviar toda essa quantia! Esses belos sentimentos, esses horrorosos sacrifícios iriam servir-lhe de rampa para chegar até Delphine de Nucingen. Algumas lágrimas, últimos grãos de incenso lançados sobre o altar sagrado da família, iriam sair-lhe dos olhos. Andou de um lado para o outro numa agitação cheia de desespero. O pai Goriot, vendo-o assim pela porta que tinha ficado encostada, entrou e disse-lhe:

- O que tem o senhor?

- Ah! Meu querido vizinho, sou ainda filho e irmão tal como o senhor é pai. Tem razão de tremer pela condessa Anastasie. Ela está nas mãos de um senhor Maxime de Trailles que a levará à perdição.

O pai Goriot retirou-se balbuciando algumas palavras que Eugène não percebeu. Na manhã seguinte, Rastignac foi pôr as cartas no correio. Hesitou até ao último momento, mas deitou-as na caixa dizendo: «Irei conseguir!» A palavra do jogador, do grande comandante, palavra fatalista que perde mais homens do que salva.

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Capa do livro O Pai Goriot
Páginas: 279
Página atual: 85

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
O PAI GORIOT 1