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Capítulo 8: VI

Página 138
» «E além disso, é um vento com uma certa alma», resmungou ele, em tom sentencioso. Tratava-se de uma observação razoável de marinheiro. Só que ele acrescentou logo de seguida: «Já ia sendo tempo de eu vir cá acima até ao tombadilho. É para isso que tenho estado a tentar recuperar as minhas forças... - só para isso. O senhor não me entende?».

Respondi-lhe que sim, e insinuei que talvez fosse aconselhável ele ir agora para baixo, repousar.

A resposta dele foi dum indignado: «Ir para, baixo? Que eu saiba, não, senhor comandante».

Aquilo era muito reconfortante! Não passava de mais um tremendo empecilho ali à volta. E de súbito, começou a refilar. No escuro, eu apercebia-me da sua exaltação tresloucada.

«O senhor não sabe como se há-de sair desta. Como é que há-de ser capaz? Aqueles segredos todos, todos aqueles passos em bicos de pé, não são boa coisa. Escusa de acreditar que se escapa por si só a um patife embrutecido, astucioso e observador como ele. O senhor nunca o ouviu a falar. Bastava para pôr em pé os cabelos de um homem. Não estava mais louco do que eu. Era o que se chama um homem absolutamente mau. Com maldade de meter medo a muitos. Já lhe digo o que é que ele era. Nem mais nem menos que um gatuno e um assassino, bem lá no fundo. E o senhor julga que o modificou nalguma coisa o facto de estar morto? Olha quem! O cadáver jaz a cem braças de fundo, no mar, mas ele continua a ser exactamente o mesmo... Jaz na latitude 8° 20' norte.»

Fungou em estilo de provocação. Com uma resignação fatigada reparei que o vento amainara enquanto ele estava a delirar. Mas ei-lo de volta à sua história.

«Eu devia ter posto o bandido pela borda fora como um cão. Só por causa da tripulação é que... Imagine-me a ter que ler o Ofício dos Mortos pela alma de uma fera daquelas!.

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pág. 138 (Capítulo 8)

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Capa do livro A Linha de Sombra
Páginas: 155
Página atual: 138

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Nota do autor 1
I 6
II 42
II 43
III 64
IV 90
V 106
VI 129