Já tinha começado a pensar que talvez também o senhor estivesse com medo...»
«Mas não demorei muito tempo até chegar à capitania», fiz-lhe eu notar com a maior serenidade.
«Entretanto, o senhor sempre tem boa fama por aqui», resmungou ele rudemente, sem me olhar.
«Sinto-me feliz por o ouvir dizer-me isso, comandante», respondi.
«Sim. Mas o senhor não está onde andam à sua procura. Sabe perfeitamente que não estava. O despenseiro da Casa não se atreveria a ignorar uma nota enviada por esta repartição. Onde diabo esteve metido o senhor durante a maior parte deste santo dia?»
Limitei-me a lançar-lhe um sorriso de amabilidade, e ele pareceu recordar-se assim do que pretendia dizer-me. Convidou-me a sentar. Explicou-me depois que, tendo morrido em Banguecoque o capitão de um navio britânico, o cônsul geral lhe telegrafara por cabo submarino, pedindo um homem capaz, para ser enviado para lá e assumir o comando do barco.
Era claro que, na sua opinião, era eu o homem à partida indicado, embora para salvar as aparências, se tivesse procedido a uma notificação geral junto da Casa dos Marinheiros. O contrato já estava redigido. Deu-mo a ler e quando eu lho devolvi, declarando que aceitava as condições, o vice-Neptuno assinou-o, selou-o com a própria mão sagrada, dobrou-o em quatro (tratava-se de uma folha de papel de quarenta linhas azul) e entregou-mo... era um dom de uma força extraordinária, porque, mal o guardei na algibeira, senti a cabeça um pouco tonta e às voltas.
«Aí tem a sua nomeação para o lugar de comando do navio», disse-me ele, com certa gravidade. «Trata-se de uma nomeação oficial que obriga os armadores ao cumprimento dos termos do contrato que o senhor acaba de aceitar. E agora... - quando é que acha que está pronto a partir.