De facto, não só eram obstinadamente moderados na bebida, como nem mesmo tinham vontade de ir a terra. A bordo havia o cuidado de os expor ao solo menos possível. Eram encarregues de trabalhos leves, por debaixo dos toldos. E o médico, cheio de compaixão, não me poupava louvores por isso.
«As suas medidas parecem-me muito sensatas, caro comandante.»
É difícil dizer como me reconfortaram estas palavras.
O rosto arredondado e cheio do médico, com o seu bigode louro e pálido, era uma obra-prima de lhaneza e dignidade. Era o único ser humano deste mundo a aparentar o mais leve interesse pela minha pessoa. Costumava sentar-se durante meia hora, ou perto disso, na câmara do navio, por ocasião de cada visita.
Um dia eu disse-lhe:
«Suponho que a única coisa a fazer seja cuidar deles, como o senhor o tem feito, até eu poder largar.»
Ele inclinou a cabeça, cerrou os olhos por trás dos grandes óculos, murmurando:
«O mar... sem dúvida.»
O primeiro homem da tripulação a ir-se de todo abaixo foi o despenseiro - a primeira pessoa a bordo com quem eu falara. Transportaram-no para terra (com sintomas de cólera) e aí morreu ao cabo de uma semana. Depois, estava eu ainda sob a influência desalentadora daquele primeiro golpe profundo do clima e foi Burns quem deu parte fraca, recolhendo ao beliche num estado de febre violenta, sem dizer palavra.
Penso que ele próprio forjou em parte, por suas mãos, o seu mal; o clima fez o resto com a agilidade de um monstro escondido e à espreita no ar, nas águas, e no lodo das margens do rio. Burns era a vítima predestinada.
Fui descobri-lo deitado de costas, com o olhar carregado, desprendendo calor sobre nós como um pequeno fogão.
Mal era capaz de responder às minhas perguntas, limitando-se a protestar: «Já uma pessoa não pode ter uma tarde de folga, com uma dor de cabeça horrível.