Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 1: I

Página 4
A descida - tomando em conta a excelência do instrumento, a época do ano e a posição do navio no globo terrestre - era de uma natureza ominosamente profética; mas a face rubra do homem não traía qualquer espécie de perturbação interior. Presságios não eram nada para ele, e era incapaz de descobrir a mensagem de uma profecia até que a sua concretização lha metesse, por assim dizer, pelos olhos dentro. «O barómetro está a descer, disso não há dúvida», pensou. «Vamos apanhar um bocado de mau tempo fora do vulgar.»

O Nan-Shan rumava do sul para o porto franco de Fu-Chau com alguma carga nos porões inferiores e duzentos trabalhadores chineses que regressavam às suas aldeias nativas na província de Fo-Kien , depois de alguns anos de trabalho em várias colónias tropicais. A manhã estava boa, o mar oleoso ondulava sem uma chispa e havia uma estranha mancha branca e brumosa no céu, como uma auréola do Sol. A coberta da proa, atulhada de chineses, estava cheia de roupas escuras, faces amareladas e rabichos, salpicada com numerosos ombros nus, porque não havia vento e o calor apertava. Os trabalhadores reclinavam-se indolentemente, conversavam, fumavam ou olhavam para o horizonte; alguns, recolhendo baldes de água do mar ao longo do costado, despejavam-nos por cima uns dos outros; outros dormiam deitados sobre as escotilhas, enquanto pequenos grupos de seis se sentavam sobre os calcanhares rodeando bandejas de ferro com pratos de arroz e pequenas chávenas de chá; e cada um desses celestes trazia consigo tudo o que possuía no mundo - uma arca de cânfora com um cadeado e cantos de latão, contendo as economias dos seus trabalhos: algumas roupas de cerimónia, pauzinhos de incenso, talvez um pouco de ópio, bocados de fancarias indefiníveis de valor convencional, e um tesouro em dólares de prata, mourejado em barcaças de carvão, ganho em casas de jogo ou em pequenos negócios, arrancado à terra, suado nas minas, nas linhas de caminho-de-ferro, na selva assassina, sob pesados fardos - pacientemente amassado, guardado com cuidado, ferozmente estimado.

<< Página Anterior

pág. 4 (Capítulo 1)

Página Seguinte >>

Capa do livro Tufão
Páginas: 103
Página atual: 4

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 37
IV 49
V 72
VI 91