Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 1: Capítulo 1

Página 13
Assombra-me em meus momentos de prazer. Eu a lembro quando rio. Mas Balzac não é mais realista que Holbein foi. Ele criou a vida, não a copiou. Eu admito, entretanto, que ele deu um valor muito alto à modernidade da forma, e que, consequentemente, não há um livro seu que, como uma obra-prima artística, possa alcançar Salammbô ou Esmond, ou The Cloister and the Hearth, ou o Vicomte de Bragelonne.

Cyril – Você é contra a modernidade da forma, então?

Vivian – Sim. É um enorme preço a pagar por tão pobre resultado. Pura modernidade da forma é sempre de algum jeito vulgar. Não pode deixar de ser. O público imagina que, porque eles estão interessados nos seus arredores, a Arte devia estar interessada neles também, e devia tomá-los como tema. Mas o mero fato deles estarem interessados nessas coisas os faz inapropriados à Arte. As únicas coisas belas, como alguém uma vez disse, são as coisas que não nos concernem. Desde que uma coisa é útil ou necessária a nós, ou nos afeta de alguma forma, tanto pela dor ou prazer, ou apela fortemente à nossa simpatia, ou é uma parte vital do meio em que vivemos, está fora da esfera adequada da arte. Para o tema da arte nós deveríamos ser mais ou menos indiferentes. Nós deveríamos, pelo menos, não ter preferências, parcialidades, ou qualquer tipo de sentimento partidário. É exatamente por ser Hecuba nada a nós que seus lamentos são tão admirável motivo para uma tragédia. Eu não conheço nada em toda a história da literatura mais triste que a carreira artística de Charles Reade. Ele escreveu um belo livro, The Cloister and the Hearth, um livro tão superior a Romola quanto Romola é superior a Daniel Deronda, e desperdiçou o resto de sua vida numa tola tentativa de ser moderno, de chamar a atenção pública para o estado de nossos presídios, e a administração de nossos manicômios privados.

<< Página Anterior

pág. 13 (Capítulo 1)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Decadência da Mentira
Páginas: 42
Página atual: 13

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1