Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 1: Capítulo 1

Página 31
Olhar para uma coisa é bem diferente de ver uma coisa. Não se vê nada antes de ver sua beleza. Então, e só então, ela chega a existir. No presente, as pessoas veem nevoeiros, não porque há nevoeiros, mas porque poetas e pintores lhes ensinaram o misterioso encanto de tais efeitos. Pode ter havido nevoeiros por séculos em Londres. Eu ouso dizer que havia. Mas ninguém os viu, e portanto nada sabemos sobre eles. Eles não existiam até a Arte os inventar. Agora, deve-se admitir, há nevoeiros ao excesso. Eles se tornaram o mero maneirismo de um clique, e o realismo exagerado de seu método dá às pessoas tediosas bronquite. Onde o culto consegue um efeito, o inculto consegue um resfriado. Então, sejamos humanos, e convidemos a Arte a voltar seus maravilhosos olhos a outra parte. Ela já o fez, de fato. Aquela branca e bruxuleante luz do sol que se vê na França, com suas estranhas manchas malvas, e suas incansáveis sombras violetas, é seu último capricho, e, no todo, a Natureza a reproduz de forma bem admirável. Onde ela costumava nos dar Corots e Daubignys, ela nos dá agora primorosos Monets e extasiantes Pissaros. Realmente há momentos, raros, é verdade, mas ainda assim observados de tempos em tempos, quando a Natureza se torna absolutamente moderna. Certamente que ela não é sempre confiável. O fato é que ela está nessa infeliz posição. A Arte cria um efeito incomparável e único, e, tendo-o feito, passa a outras coisas. A Natureza, por outro lado, esquecendo que a imitação pode ser feita a forma mais sincera de insulto, repete esse efeito até que nos tornemos todos absolutamente saturados. Ninguém com alguma cultura, por exemplo, fala hoje em dia sobre a beleza de um pôr-do-sol. Pores-do-sol são bem antiquados. Eles pertencem à época em que Turner era a última nota em arte.

<< Página Anterior

pág. 31 (Capítulo 1)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Decadência da Mentira
Páginas: 42
Página atual: 31

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1