A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 7: O DESAPARECIMENTO DE LADY FRANCES CARFAX Pág. 144 / 210

A notável personalidade do Dr. Shlessinger, a sua sincera devoção e o facto de estar a recuperar de uma doença contraída no exercício dos seus deveres apostólicos exerceram profunda influência em Lady Frances, que ajudara Mrs. Shlessinger a tratar do santo convalescente. O missionário passava o dia, contou-me o gerente, numa cadeira de repouso, na varanda, com as duas senhoras, uma de cada lado. Preparava um mapa da Terra Santa, com especial referência ao reino dos Madianitas, sobre o qual escrevia uma monografia. Por fim, tendo melhorado bastante, regressara com a mulher a Londres e Lady Frances acompanhara-os. Passara-se isto três semanas atrás e o gerente nunca mais ouvira falar deles. Quanto à criada, Marie, partira uns dias antes, lavada em lágrimas, após ter informado as outras criadas de que se despedira. O Dr. Shlessinger pagara a conta de todos.

- Já agora sempre lhe digo - observara o gerente em conclusão - que o senhor não é o único amigo de Lady Frances Carfax que anda à procura dela. Aqui há uma semana, mais ou menos, apareceu um homem querendo saber do seu paradeiro.

- Disse como se chamava? - perguntei.

- Não. Mas era um inglês, embora de aspecto invulgar.

- Um selvagem? - disse eu, ligando os factos à maneira do meu ilustre amigo.

- Exactamente. É isso! Um tipo enorme, de barbas, queimado do sol, que parecia melhor numa quinta do que num hotel de luxo. Um homem duro, violento, diria eu, que por nada deste mundo gostaria de provocar.

O mistério começava a definir-se, à medida que as figuras se tornavam mais claras, como emergindo do nevoeiro. Uma senhora boa e piedosa perseguida de terra em terra por uma figura sinistra e incansável. Ela temia-o, caso contrário não teria fugido de Lausana.





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