A mulher da loja respondeu-me sem hesitar que era às oito da manhã.
- Como vê, Watson, nada de misterioso; Tudo legal! Os requisitos legais foram de modo algum cumpridos, não há dúvida, e eles pensam que pouco têm a recear. Bom, só nos resta um ataque frontal. Está armado?
- Tenho a bengala!
- Bem, deve ser o suficiente. «Três vezes está armado aquele que luta pela justiça. Não podemos esperar pela polícia nem mantermo-nos dentro da lei. Pode ir, cocheiro. Agora, Watson, vamos tentar juntos a nossa sorte, como já algumas vezes fizemos no passado.
Tocou com insistência à campainha de uma grande casa soturna de Poultney Square. A porta foi imediatamente aberta. No vestíbulo penumbroso recortou-se a figura de uma mulher alta.
- Que quer? - perguntou asperamente, fitando-nos no escuro.
- Quero falar com o Dr. Shlessinger - respondeu Holmes.
- Não mora aqui ninguém com esse nome - tornou ela, tentando fechar a porta, o que Holmes impediu com o pé.
- Então quero falar com o homem que mora aqui, seja quem for - insistiu Holmes com firmeza.
A mulher hesitou, mas acabou por abrir a porta.
- Entre! Não há homem no mundo que assuste o meu marido!
Tornou a fechar a porta e introduziu-nos numa sala à direita do vestíbulo. Alteou o gás antes de nos deixar.
- Mr. Peters vem já.
As palavras dela cumpriram-se. Mal tivemos tempo de olhar em redor do aposento cheio de pó e bafio antes que a porta se abrisse e um homem calvo e corpulento, de cara rapada, entrasse, ligeiro, na sala. Possuía cara grande e corada, flácida, e um aspecto de benevolência artificial combinada com uma boca cruel, perversa.
- Há aqui certamente um engano, meus senhores - disse em voz untuosa, amável.