Que barata cega eu fui em não retirar daí qualquer conclusão.
- E qual é a sua conclusão?
- A de que só uma vaca extraordinária consegue andar a meio galope e galopar. Caramba! Watson, não foi o cérebro de um estalajadeiro de aldeia que imaginou tal embuste. O caminho parece estar livre, à excepção do rapaz na oficina de ferreiro. Vamos lá fora ver o que é que encontramos.
No estábulo, quase a cair de velho, havia dois cavalos de pêlo hirsuto e mal cuidados. Holmes levantou a pata traseira de um deles e riu-se alto.
- Ferraduras velhas mas recentemente colocadas... ferraduras velhas mas cravos novos. Este caso merece vir a ser um clássico. Vamos até à oficina de ferreiro.
O rapaz continuou a trabalhar sem nos olhar. Vi os olhos de Holmes olharem para a esquerda e para a direita, para o meio dos pedaços de ferro e de madeira espalhados pelo chão. No entanto, de repente, ouvimos passos atrás de nós e o estalajadeiro apareceu com um expressão maldosa nos seus olhos selvagens e com as feições grosseiras congestionadas pela ira. Tinha um curto pau, com uma das extremidades recoberta de ferro, na mão e brandia-o de uma forma tão ameaçadora que me senti satisfeito por sentir o meu revólver na algibeira.
- Seus espiões de um raio! - gritou o homem. - Que é que estão aqui a fazer?
- Ora, Sr. Reuben Hayes - disse Holmes friamente -, até parece que tem medo de que descubramos qualquer coisa.
O homem dominou-se com um enorme esforço e a sua boca agressiva soltou-se numa risada falsa que era ainda mais ameaçadora que a sua expressão.
- Esteja à vontade para descobrir o que quiser na minha oficina de ferreiro - disse. - Mas olhe, meu senhor, não gosto que as pessoas andem a meter o nariz na minha propriedade sem me pedirem licença, portanto, quanto mais depressa pagarem a conta e se puserem a andar, mais satisfeito eu ficarei.