- Portanto, Sr. Hayes, não o fizemos por mal - disse Holmes. - Viemos ver os seus cavalos mas, afinal de contas, acho que iremos a pé. Creio que não é muito longe.
- Não são mais de três quilómetros e meio até aos portões do Hall. A estrada é a da esquerda. - E ficou a observar-nos com um olhar desconfiado e mal humorado até sairmos da sua propriedade.
Não andámos muito, pois Holmes parou no momento em que a curva da estrada nos ocultou da vista do estalajadeiro.
- Estávamos quentes, como dizem as crianças, lá na estalagem - disse ele. - Parece que ficamos mais frios com cada passo que damos para nos afastarmos. Não, não posso de forma alguma ir-me embora.
- Estou convencido de que este tal Reuben Hayes sabe de todo este caso - disse eu. - Nunca vi um bandido que melhor se denunciasse como tal.
- Ah, então foi essa a impressão que ele deu? Estão lá os cavalos, está lá a oficina de ferreiro. Sim, é um sítio interessante a estalagem Fighting Cock. Creio que voltaremos lá de uma forma discreta para a observarmos melhor.
Atrás de nós; estendia-se uma longa colina suave, marcada por grandes pedras cinzentas de calcário. Tínhamos saído da estrada e avançávamos pela colina acima quando, ao olhar na direcção de Holdernesse Hall, vi um ciclista a aproximar-se rapidamente.
- Deite-se, Watson! - exclamou Holmes, carregando-me no ombro com uma mão pesada. Mal tínhamos desaparecido da vista quando, um homem passou velozmente por nós pela estrada. No meio de uma nuvem de pó, vislumbrei um rosto pálido e perturbado - um rosto com o horror marcado em cada traço, com a boca aberta e os olhos a fitarem a estrada com uma expressão enlouquecida. Parecia uma estranha caricatura do garboso James Wilder que tínhamos visto na noite anterior.