O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 1: A Aventura da Casa Vazia Pág. 15 / 363

-Sem dúvida que aquela é Baker Street - respondi, olhando pela janela baça.

- Exactamente. Estamos em Camden House, mesmo em frente aos nossos antigos aposentos.

- Mas por que é que estamos aqui?

- Porque daqui temos uma excelente vista daquela pitoresca figura. Se se quiser dar à maçada de se aproximar um pouco mais da janela, Watson, tomando todas as precauções para não ser visto, e depois olhar para os nossos antigos aposentos... ponto de partida de tantos dos seus contos de fadas... veremos se a minha ausência de três anos terá feito desaparecer a minha capacidade de o surpreender.

Avancei lentamente e olhei para a bem conhecida janela. Ao fitá-la, soltei uma pequena exclamação de espanto. A cortina estava corrida e a sala fortemente iluminada. A sombra do homem que estava sentado numa cadeira recortava-se claramente a negro contra o fundo iluminado da janela. Não havia dúvidas quanto à forma de colocar a cabeça, ao porte dos seus ombros, à severidade das feições. O rosto estava meio virado, fazendo o efeito daquelas silhuetas negras que os nossos avós tanto gostavam de emoldurar. Era uma reprodução perfeita de Holmes. Estava tão espantado que estendi a mão para me assegurar de que o homem verdadeiro estava ali ao meu lado. Holmes estremecia com um riso silencioso.

- Então? - disse.

-Santo Deus! - exclamei. - É maravilhoso.

- Tenho fé que nem a idade nem a prática diminuam a minha infinita criatividade - disse, e eu reconheci na sua voz a alegria e o orgulho que um artista tem pela sua obra. - Está bastante parecido comigo, não está?

- Estaria preparado para jurar que era você.

-O crédito da obra deve-se a Monsieur Oscar Meunier, de Grenoble, que passou alguns dias a fazer o molde.





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