Isto é o que ele afirma, mas tinha estado duas horas na taberna e a janela fica a certa distância da estrada. Além disso, isto refere-se a segunda-feira e o crime foi cometido na quarta-feira.
»Na terça-feira, Peter Carey estava com um dos seus piores acessos de mau humor, encharcado em álcool e perigoso corno um animal selvagem. Andava pela casa e as mulheres fugiam dele quando o ouviam aproximar-se. À tardinha, foi para a sua cabana. Por volta das duas da manhã, a filha, que dormia com a janela aberta, ouviu um terrível grito vindo da direcção da cabana, mas não era inédito ele gritar e berrar quando estava embriagado, portanto, ninguém prestou particular atenção. Ao levantar-se às sete da manhã, uma das criadas reparou que a porta da cabana estava aberta, mas tinham tanto terror do homem que só ao meio-dia é que alguém se aventurou a ir ver o que lhe acontecera. Ao espreitarem pela porta, viram uma tal cena que fugiram, pálidas de horror, para a aldeia. Cheguei passada uma hora e encarreguei-me do caso.
» Bom, como sabe, domino bem os nervos, Sr. Holmes, mas dou-lhe a minha palavra de honra de que senti um profundo abalo quando espreitei para dentro da cabana. Esta estava cheia de moscas e de varejeiras a zumbir e o chão e as paredes pareciam as de um matadouro. Ele chamava à cabana a sua cabina e, de facto, parecia uma cabina, pois dava a ideia de estarmos a bordo de um navio. Tinha um beliche de um dos lados, uma mala de porão, mapas e cartas, um quadro do Sea Unicorn, uma fila de diários de bordo em cima de uma prateleira, exactamente o que se esperaria encontrar na cabina de um comandante. E ali, no meio da cabana, estava o homem... com o rosto contorcido, como uma alma penada no pior dos tormentos, e a sua enorme barba virada para cima corno uma bandeira da sua agonia.
