Tinham-lhe cravado um arpão de aço no peito e este atravessara o corpo e enterrara-se bem fundo na madeira da parede atrás dele. Estava trespassado como uma borboleta numa cartolina. É claro que estava morto, tendo morrido no momento em que soltara aquele último grito de agonia.
- Conheço os seus métodos. Sr. Holmes, e apliquei-os. Antes de permitir que mexessem em alguma coisa, examinei com todo o cuidado o terreno do lado de fora da cabana, bem como o chão desta. Não havia quaisquer pegadas.
- Quer dizer que não viu nenhumas?
- Garanto-lhe, Sr. Holmes, que não havia quaisquer pegadas.
- Meu caro Hopkins, já investiguei muitos crimes, mas nunca deparei com nenhum que tivesse sido cometido por uma criatura voadora. A partir do momento em que o criminoso anda sobre duas pernas, tem de haver qualquer marca, qualquer erosão, qualquer alteração mínima que pode ser detectada pelo investigador científico. É inacreditável que aquela sala completamente salpicada de sangue não contivesse qualquer indício que nos ajudasse. No entanto, verifiquei pelo inquérito que havia na sala alguns objectos que o senhor se recusou a menosprezar.
O jovem inspector estremeceu com o comentário irónico do meu companheiro.
- Fui um idiota em não o ter chamado naquela altura, Sr. Holmes. No entanto, não vale a pena lamentarmos o que não tem remédio. Sim, havia na sala vários objectos que me chamaram particularmente a atenção. Um era o arpão com o qual o crime fora cometido. Tinha sido tirado de um suporte na parede. Nesse suporte estavam mais dois e via-se o espaço vazio do terceiro. No cabo tinha gravado SS. Sea Unicorn, Dundee. Isto parece determinar que o crime foi cometido num momento de fúria e que o assassino deitou mão à primeira arma que viu.