O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 1: A Aventura da Casa Vazia Pág. 18 / 363

Ah! - Inspirou profundamente, fazendo um ruído agudo que denotava a sua excitação. Na fraca claridade da sala vi a sua cabeça projectada para a frente e todo o seu corpo rígido de atenção. Lá fora, a rua estava absolutamente deserta. Os dois homens podiam ainda estar escondidos na porta de entrada, mas já não os conseguia ver. Lá fora, só havia silêncio e escuridão, à excepção da janela fortemente iluminada à nossa frente com a figura negra recortada ao centro. De novo, no meio do silêncio, ouvi a nota aguda e sibilante que significava uma intensa e reprimida excitação. Instantes depois, Holmes puxou-me para o canto mais escuro da sala e senti a sua mão na minha boca avisando-me para ficar em silêncio. Os dedos que me agarravam tremiam. Nunca vira o meu amigo tão alterado e, no entanto, a rua escura continuava deserta e sem qualquer movimento ali à nossa frente.

Mas, subitamente, apercebi-me daquilo que os seus sentidos mais apurados já tinham distinguido. Um som fraco e furtivo chegou aos meus ouvidos, vindo não da direcção de Baker Street, mas sim das traseiras da própria casa onde estávamos escondidos. Ouvimos uma porta abrir-se e fechar-se. Passados alguns instantes, sentimos passos pelo corredor, passos que alguém pretendia que fossem silenciosos mas que ecoavam bem alto na casa vazia. Holmes agachou-se contra a parede e eu fiz o mesmo, com a mão já sobre a coronha do meu revólver: Esforçando-me por ver no meio da penumbra, distingui o contorno vago de um homem, num tom mais escuro ainda que a escuridão da porta aberta. Ficou parado durante um instante e, depois, avançou lentamente, ligeiramente curvado e com passos ameaçadores. A sinistra figura estava a cerca de três metros de nós e eu estava preparado para resistir ao seu ataque quando me apercebi de que ele desconhecia totalmente a nossa presença.





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