Capítulo 1: A Aventura da Casa Vazia
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Passou junto de nós, dirigiu-se para a janela e, lentamente, sem fazer qualquer ruído, abriu-a uns trinta centímetros. Quando se baixou para ficar ao nível da abertura, a luz da rua, que já não estava filtrada pelo vidro sujo, incidiu no seu rosto. O homem parecia fora de si de excitação. Os seus olhos brilhavam como estrelas e as suas feições contorciam-se em esgares. Era um homem idoso, com um nariz fino e agudo, testa alta, cabeça calva e um enorme bigode hirsuto. O seu chapéu alto fora empurrado para trás e o peitilho da camisa do traje a rigor brilhava a meio do sobretudo aberto. O seu rosto era magro e moreno, marcado por rugas profundas e brutais. Tinha na mão aquilo que parecia ser uma bengala, mas, ao pousá-la no chão, ouvimos um som metálico. Depois, tirou da algibeira do sobretudo um objecto volumoso e ocupou-se numa tarefa qualquer que terminou com um click agudo, como se uma mola ou cavilha tivesse sido accionada. Ainda ajoelhado no chão, inclinou-se para a frente e atirou todo o seu peso e força sobre uma alavanca qualquer, o que resultou num longo ruído áspero de algo a enrolar-se e que terminou noutro click mais forte. Então endireitou-se e vi que aquilo que tinha na mão era uma espécie de espingarda, com uma coronha curiosamente deformada. Abriu-a pela culatra, colocou algo lá dentro e accionou o fecho. Depois, voltando a agachar-se, pousou a extremidade do cano no parapeito da janela aberta e vi o seu longo bigode por cima da coronha enquanto ele espreitava pela mira. Ouvi um pequeno suspiro de satisfação quando aconchegou a coronha ao ombro e viu o espantoso alvo, o homem negro no fundo amarelo, claramente posicionado ao seu alcance. Ficou rígido e imóvel durante alguns instantes.
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