»O Sr. Holmes sabe, certamente, que as portas da nossa Faculdade são duplas... uma interior de madeira leve, pintada de verde, e uma exterior de forte madeira de carvalho. Ao aproximar-me da porta exterior, fiquei espantado por ver uma chave na fechadura. Por instante, imaginei que tivesse deixado a minha própria chave na fechadura, mas, ao senti-la na algibeira, percebi que não. O único duplicado que existia, tanto quanto é do meu conhecimento, estava nas mãos do meu criado, o Bannister... um homem que trata dos meus aposentos há dez anos e cuja honestidade está completamente acima de qualquer suspeita. Verifiquei que a chave era efectivamente a dele, que entrara nos meus aposentos para ver se eu queria chá e que muito descuidadamente deixara a chave na porta ao sair. Deve ter ido lá alguns minutos depois da minha saída. O seu esquecimento quanto à chave pouca importância teria tido em qualquer outra ocasião, mas neste determinado dia originou as mais deploráveis consequências.
»Assim que olhei para a secretária apercebi-me de que alguém me tinha remexido os papéis. As provas tipográficas eram três longas folhas. Tinha-as deixado juntas. Verifiquei então que uma delas estava caída no chão, que outra estava numa mesa lateral perto da janela e que a terceira permanecia onde a deixara.
Holmes mexeu-se pela primeira vez.
- A primeira folha no chão, a segunda junto à janela e a terceira onde a deixara - disse.
-Exactamente, Sr. Holmes. O senhor espanta-me. Como é que sabe isso?
- Peço-lhe que continue a sua tão interessante narrativa.
- Por instantes, pensei que Bannister tivesse tomado a imperdoável liberdade de examinar os meus papéis.