Aí entrei no escritório. É uma sala com muito pouco mobiliário. A peça principal é uma grande secretária com um armário incorporado. Este armário consiste numa coluna dupla de gavetas e um pequeno armário entre as gavetas. As gavetas não estavam fechadas à chave, mas o armário estava. Ao que parece, as gavetas nunca ficavam fechadas à chave, pois não tinham nada de valor. Havia alguns papéis importantes no armário, mas nenhuns vestígios de estes terem sido remexidos, e o professor assegurou-me que não faltava nada. É certo nada ter sido roubado.
»Chegamos agora ao corpo do jovem. Foi encontrado junto ao armário, um pouco à esquerda, conforme está assinalado no esboço. O golpe foi desferido no lado direito do pescoço, portanto é quase impossível ter sido feito pelo próprio.
- A menos que tenha caído sobre a faca – disse Holmes.
- Exactamente. Essa ideia ocorreu-me. Mas encontrámos a faca a certa distância do corpo, portanto, isso parece igualmente impossível. Claro que também sabemos quais foram as últimas palavras do moribundo. E, finalmente, há esta prova extremamente importante que encontrámos enclavinhada na mão direita do morto.
Stanley Hopkins tirou da algibeira um pequeno embrulho. Desdobrou o papel e mostrou um pince-nez dourado com duas fitas de seda preta partidas presas à extremidade.
- Willoughby Smith via muitíssimo bem - acrescentou. - Não pode haver dúvidas de que ele arrancou isto da cara ou do corpo do assassino.
Sherlock Holmes pegou nos óculos e examinou-os com a maior atenção e interesse. Levou-os aos olhos e tentou ler com eles. Depois, dirigiu-se à janela e olhou para a rua através dos óculos, observou-os minuciosamente à luz do candeeiro e, finalmente, com uma risada, sentou-se à mesa e escreveu algumas linhas numa folha de papel que atirou a Stanley Hopkins.