- Isto é o mais que posso fazer por si - disse. - Poderá ser útil.
O detective, profundamente espantado, leu o bilhete em voz alta. Dizia o seguinte:
«Procura-se, mulher com boa aparência, vestida como uma senhora. Tem um nariz excepcionalmente grosso e olhos bastante juntos. Tem a testa franzida, uma expressão míope e provavelmente ombros arredondados. Há indicações de que consultou um oculista pelo menos duas vezes nos últimos meses. Como os seus óculos são excepcionalmente fortes e não há muitos oculistas, não deve ser difícil localizá-la.»
Holmes sorriu ao ver a estupefacção de Hopkins que se devia igualmente reflectir no meu rosto.
- Então, as minhas deduções não são a simplicidade personificada? - disse ele. - Seria difícil encontrar um outro objecto que proporcionasse maior campo de observação que uns óculos, especialmente um par de óculos tão curioso como este. Deduzo que pertencem a uma mulher pela sua fragilidade e, é claro, pelas últimas palavras do moribundo. Quanto a essa senhora ser uma pessoa refinada e bem vestida, repare que os óculos têm belos aros de ouro e é inconcebível que alguém que use óculos como estes seja desleixada em outros aspectos. Notará que os elementos que assentam no nariz são demasiado largos para o seu próprio nariz, o que indica que o nariz da senhora é muito largo. Este tipo de nariz é normalmente pequeno e grosseiro, mas há um número suficiente de excepções que me impedem de ser dogmático ou de insistir neste aspecto da minha descrição. O meu próprio rosto é fino e, no entanto, verifico que não consigo focar o olhar ao centro, nem perto deste. Portanto, os olhos da senhora são muito juntos em relação ao nariz.
