O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 10: A Aventura do «Pince-Nez» Dourado Pág. 259 / 363

Também notará. Watson, que as lentes são côncavas e invulgarmente fortes. Uma pessoa cuja visão tem sido durante toda a sua vida tão limitada terá certamente características físicas próprias dessa deficiência, que se centram na testa, nas pálpebras e nos ombros.

- Sim, estou a seguir cada um dos seus raciocínios - disse. Confesso, no entanto, que não consigo perceber como é que chegou às duas idas ao oculista.

Holmes pegou nos óculos.

- Veja que os elementos que assentam sobre o nariz são forrados de cortiça muito fina, para atenuar a pressão sobre o nariz disse. - Um destes está descorado e um pouco gasto, mas o outro é novo. É evidente que um caiu e foi substituído. Calculo que o outro não tenha mais de alguns meses: São absolutamente idênticos, portanto, deduzo que a senhora voltou ao mesmo oculista para pôr o que caiu.

- Santo Deus, é espantoso! - exclamou Hopkins, num êxtase de admiração. - E pensar que tive essas provas nas minhas mãos e nunca me passou pela cabeça investigar junto dos oculistas de Londres.

- É claro que acabaria por fazê-lo. Tem mais alguma coisa a contar-nos sobre o caso?

- Nada, Sr. Holmes. Creio que agora já sabe tanto quanto eu sei... provavelmente mais. Fizemos averiguações sobre a presença de qualquer estranho na vizinhança e na estação de caminho-de-ferro. Ninguém foi visto. O que me ultrapassa é a total ausência de motivo para o crime. Ninguém consegue sugerir a mais leve hipótese de motivo.

- Ah, quanto a isso não estou em posição de o ajudar. Mas calculo que queira que lá vamos amanhã!

- Se não for pedir demasiado, Sr. Holmes. Há um comboio que parte de Charing Cross para Chatham às seis da manhã e chegaríamos a Yoxley Old Place entre as oito e as nove.





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