O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 12: A Aventura de Abbey Grange Pág. 313 / 363

O senhor está a fazer a mesma pergunta que eu tenho feito a mim próprio vezes sem conta. Não há dúvida de que o tipo conhecia bem a casa e os seus hábitos. Devia saber que todos os criados se deitavam relativamente cedo e que ninguém ouviria a campainha tocar na cozinha. Portanto, devia ter tido a colaboração de um dos criados. Com certeza que isso é mais que evidente. Mas há oito criados e todos eles de bom carácter.

- Em igualdade de circunstâncias - disse Holmes -, suspeitar-se-ia daquele a quem o patrão atirou a garrafa. No entanto, isso significaria atraiçoar a patroa a quem essa mulher parece ter tanta fidelidade. Bom, esta é uma questão menor e, quando apanhar os Randall, provavelmente não terá qualquer dificuldade em descobrir o seu cúmplice. De facto, a história de Lady Brackenstall parece ser corroborada, se é que precisava de o ser, por todos os pormenores que temos à nossa frente. - Dirigiu-se à janela que dava para o exterior e abriu-a. - Aqui não há quaisquer vestígios, mas o chão está duro como ferro e não era de esperar que houvesse. Vejo que aquelas velas na cornija por cima da lareira foram acendidas.

- Sim, foi à sua luz e à luz, da outra que a senhora trouxe consigo, que os ladrões se orientaram.

- E que é que roubaram?

- Bom, não levaram grande coisa... só meia dúzia de peças de prata do aparador. Lady Brackenstall pensa que ficaram tão perturbados com a morte de Sir Eustace que não pilharam a casa, como noutras circunstâncias teriam feito.

- Será, sem dúvida, verdade. No entanto, ao que sei, estiveram a beber vinho.

- Para acalmar os nervos.

- Exactamente. Suponho que ninguém tocou naqueles três copos que estão no aparador!

- Não, e a garrafa também está conforme a deixaram.





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