Não lhe pergunte se ele o fez. Assuma tal facto como sendo certo. Diga-lhe que conhece uma pessoa que cá esteve. Pressione-o. Diga-lhe que a sua única hipótese de perdão é confessar tudo. Faça exactamente como lhe digo!
- Caramba! Se ele sabe alguma coisa arrancar-lhe-ei a verdade! - exclamou Lestrade. Correu para o hall de entrada e instantes depois, a sua voz ameaçadora ouviu-se, vinda da sala das traseiras.
- Agora, Watson! - exclamou Holmes num frenesi de excitação. Toda a demoníaca força do homem que habitualmente se escondia por detrás de uma máscara de indiferença irrompeu num paroxismo de energia. Arrancou a carpeta do chão e pôs-se imediatamente de Joelhos com as mãos no chão a esgravatar as peças quadrangulares do soalho. Uma delas deslocou-se para o lado quando ele meteu as unhas numa das bordas. Saltou para trás como a tampa de uma caixa, vendo-se uma pequena cavidade negra. Holmes meteu a mão nesta cavidade e retirou-a com uma exclamação azeda de ira e decepção. Estava vazia.
- Rápido. Watson, rápido! Vamos pôr tudo como estava. - A tampa de madeira foi fechada e a carpeta acabada de colocar no seu sítio quando a voz de Lestrade se ouviu no corredor. Quando entrou na sala, viu Holmes languidamente encostado à lareira, com um ar resignado e paciente, procurando disfarçar irreprimíveis bocejos.
- Desculpe tê-lo feito esperar, Sr. Holmes. Vejo que está maçado com tudo isto. De facto, o homem confessou. Venha cá, MacPherson. Conte a estes senhores o seu indesculpável procedimento.
O polícia grande, muito afogueado e com ar penitente, entrou na sala.
- Garanto-lhe que não fiz por mal. A jovem senhora bateu à porta ontem à noite... enganou-se na casa.