- Bom, estou certo de que nunca adivinharia o que é que encontrámos. Vê esta mancha na carpeta? Bom, deve ter absorvido bastante sangue, não acha?
- Sem dúvida.
- Bom, então ficará surpreendido ao saber que não há qualquer mancha no soalho.
- Não há nenhuma mancha! Mas tem de...
- Sim, é o que se pensaria. Mas o facto é que não há.
Pegou num dos cantos da carpeta e, voltando-a, mostrou que de facto era como dizia.
- Mas a parte de baixo está tão manchada como a de cima. Devia ter deixado ficar uma mancha no chão.
Lestrade riu baixinho, encantado por ter intrigado o famoso perito.
- Explicar-lhe-ei o que acontece. Há, de facto, uma segunda mancha, mas não corresponde à outra. Veja com os seus próprios olhos. - Ao falar, voltou uma outra parte da carpeta e viu-se, de facto, uma grande mancha vermelha no quadrado do soalho. - Que é que pensa disto, Sr. Holmes?
- É simples. As duas manchas correspondiam uma à outra mas a carpeta foi virada. Como é quadrada e não está presa ao chão, foi fácil fazê-lo.
- A polícia não precisa que seja o senhor a dizer-lhe que a carpeta foi virada, Sr. Holmes. Isso é mais que evidente pois as manchas coincidem se se rodar a carpeta. O que eu quero saber é quem rodou a carpeta e porquê.
Apercebi-me pela expressão rígida do rosto de Holmes que ele vibrava de entusiasmo interior.
- Diga-me, Lestrade - disse ele - o polícia que está no corredor esteve sempre aqui de guarda?
- Sempre.
- Bom, siga o meu conselho. Interrogue-o severamente. Não o faça à nossa frente. Nós esperaremos aqui. Leve-o para a sala das traseiras, pois é mais provável que consiga que ele confesse se estiver sozinho com ele. Pergunte-lhe como é que ele se atreveu a deixar cá entrar pessoas, deixando-as ficar sozinhas nesta sala.