O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 3: A Aventura dos Dançarinos Pág. 69 / 363

Mas o tom de voz da minha mulher, Sr. Holmes, e a expressão do seu olhar impedem-me de pôr em causa a sua atitude, e estou certo de que era de facto a minha segurança que a preocupava. Foi isto que aconteceu e agora queria o seu conselho sobre o que devo fazer. A minha vontade é pôr meia dúzia de trabalhadores rurais da quinta a vigiar a casa para darem uma tareia ao tipo quando ele aparecer novamente, de forma a que ele nos deixe em paz de futuro.

- Receio bem que este caso seja demasiado complicado para soluções tão simples - disse Holmes. - Quanto tempo é que pode ficar em Londres?

- Tenho de regressar hoje. Por nada deste mundo deixaria a minha mulher sozinha durante a noite. Ela está muito nervosa e pediu-me para regressar hoje.

- Talvez tenha razão. Mas, se pudesse ficar, eu provavelmente poderia regressar consigo dentro de um ou dois dias. Entretanto, deixe-me ficar esses papéis e é muito possível que eu o possa visitar em breve para lançar alguma luz sobre o seu caso.

Sherlock Holmes manteve a sua calma atitude profissional até o nosso visitante ter partido, embora me fosse fácil, conhecendo-o como o conheço, aperceber-me de que estava profundamente excitado. No momento em que a figura larga de Hilton Cubitt saiu da sala, o meu camarada correu para a mesa e dispôs todos os papéis com as figuras dos dançarinos à sua frente, começando imediatamente a fazer complicados e elaborados cálculos. Observei-o durante duas horas, enquanto ele enchia folha após folha de papel com figuras e letras, estando tão concentrado na sua tarefa que era evidente que se esquecera da minha presença. Por vezes fazia rápidos progressos e assobiava e cantava enquanto trabalhava; outras vezes, mostrava-se intrigado e ficava sentado, imóvel, com a testa franzida e um olhar distante.





Os capítulos deste livro