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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 119
não cumpriria se não fosse o medo. Podereis estar certos que tal indivíduo se empenhará em iludir hábil e secretamente as leis do seu país, ou em violá-las pela força, pois apenas lhe resta o medo pelas leis, não possuindo já mais esperança que no corpo.

Assim, privam de todas as honras e cargos quem assim pensa e rejeitam-no de toda a tarefa comum nos negócios públicos, desprezando-o por ser inútil e pela sua natureza baixa e vil.

Não o castigam, no entanto, porque pensam que não está na mão do homem acreditar no que quer. Nem usam ameaças que o obriguem a dissimular a sua opinião. Pois, quanto à dissimulação, à falsidade e à mentira consideram-nas próximas da fraude, detestam-nas e prescrevem-nas na Utopia. Não lhe permitem que discuta os seus princípios em público; mas pode manifestá-los discutindo com os sacerdotes e sábios, que o exortam a argumentar, na esperança de que, por fim, a sua loucura ceda à razão.

Há também outros, em grande número, aliás, que não são proibidos de discutir as suas opiniões, pois as suas ideias não são nem perigosas, nem destituídas de bom senso. Esta heresia é oposta à outra, acreditando que até as almas dos animais são imortais, embora não comparáveis às nossas, na dignidade, nem na felicidade que lhes está destinada. Todos os utopianos acreditam firmemente que a felicidade será tão grande, depois da morte, que choram os doentes e não os mortos, a menos que o moribundo abandone a vida inquieto e desgostoso. O receio da morte é para eles de mau augúrio, pois revela que a alma, sem esperança e de consciência pesada, com o secreto e antecipado sentimento dos suplícios que a esperam, tem medo de partir. E pensam que o próprio Deus não gostará de receber o homem que, quando foi chamado por ele, não acorreu alegremente, mas teve de ser arrastado à sua presença rebelde e pesaroso.

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Capa do livro A Utopia
Páginas: 133
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Capítulo 2 8
Capítulo 3 51