A Utopia - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 128 / 133

Deus, em relação à república, que é a mais feliz e próspera e cuja religião lhes parece a mais verdadeira. Entretanto, se ela for errada, ou se houver alguma forma de governo ou religião mais agradável a Deus, rogam que lhas revele, pois estão prontos a cumprir o seu mandamento. Mas, se a sua é a mais perfeita e o seu governo o melhor, pedem a Deus que lhes dê perseverança neles, e que leve os outros povos a aceitar esse modo de vida, a menos que a diversidade de crenças faça parte dos seus desígnios impenetráveis. Em suma, rogam-lhe que os receba depois da morte, não lhe pedindo, no entanto, que abrevie ou dilate as suas vidas. Contudo, se for da vontade divina, pedem-lhe uma morte breve, nem que seja mais dolorosa, do que viver longo tempo separados da sua presença, mesmo na prosperidade. Terminada a oração, prosternam-se novamente, e levantam-se para ir jantar. O resto do dia passam-no em jogos e exercícios militares.

Descrevi-vos, o melhor que pude, a forma e a organização de uma república, que, em minha opinião, é não só a melhor como ainda a única a que se pode atribuir verdadeiramente o nome de república. Pois em todas as outras partes falam de interesse geral e só se preocupam com o próprio interesse. Aqui, nada é particular, o bem comum é considerado com o maior cuidado. E em ambos os casos têm boas razões para assim proceder. Pois, noutros países, quem não reservar algo para si morrerá de fome, embora o país seja bastante rico. E, por isso, é forçado a preocupar-se mais consigo que com o povo, isto é, com os outros. Em contrapartida, todas as coisas são comuns e ninguém sente a falta do necessário para o seu uso; pois que os armazéns e celeiros estão mais do que suficientemente fornecidos. Por isso, não são mesquinhos na distribuição, de modo que não há pobres ou mendigos. Embora ninguém possua coisa alguma, todos são ricos.





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