alguns deles, mediante alimentação e um salário um pouco inferior ao do homem livre. É também permitido por lei que o patrão castigue a sua preguiça com a vergasta. Deste modo nunca lhes falta trabalho e, além de ganharem para o seu sustento, contribuem diariamente com alguma coisa para o Tesouro. Todos usam a mesma cor no vestuário. Não usam cabeça rapada, excepto um pouco arredondado o cabelo acima das orelhas, uma das quais lhes é mutilada. Todos podem receber dos seus amigos bebida ou comida, ou mesmo vestuário da cor adequada. Mas receber presentes em dinheiro significa a morte, tanto para quem dá como para quem aceita. Também é considerado crime receber dinheiro de algum escravo, por qualquer razão. O mesmo castigo, a morte, é atribuído aos escravos que toquem em armas.
«Os escravos de cada uma das províncias são marcados por distintivos diferentes e tentar apagá-los constitui crime de morte, tal como sair da sua província ou falar aos escravos de outra região. E a simples intenção da fuga não é menos perigosa, se conhecida, que a própria fuga. O conhecimento de tal projecto significa a morte para o escravo e a perda da liberdade para o homem livre. E, ainda mais, são concedidas recompensas aos denunciantes: a liberdade, para o escravo que o fizer; o dinheiro, se o delator é homem livre; para ambos, a impunidade e o perdão, se se tratar de cúmplices. Tudo com o propósito de não encontrar o criminoso mais segurança em perseverar num mau desígnio do que em arrepender-se dele. Tal é, como vos descrevi, o costume e a lei, em relação ao roubo, entre esta gente.
«Fácil é verificar a humanidade com que os tratam, a ausência de crueldade e a inteligência desta medida, pois o objectivo do castigo é apenas o de destruir os vícios e salvar os homens, procedendo de tal maneira que apenas lhes resta um caminho: