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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 75
concentram em reserva todas as suas riquezas, para se protegerem em casos de aflição extrema ou de perigo súbito. Utilizam-nas em especial para contratar, por salários altíssimos, mercenários, pois preferem arriscar na guerra a pele dos estrangeiros a pôr em perigo os seus cidadãos; pois sabem que por dinheiro os próprios inimigos se vendem, e com ele se podem comprar traições no seu interior.

Por esta razão mantêm um tesouro imenso e incalculável. Mas não entesouram como os avarentos. Longe disso, utilizam-no em coisas que mal me atrevo a descrever, pois receio que me não acrediteis. Sei que isso é perfeitamente natural, pois eu próprio dificilmente teria acreditado em quem me contasse tal coisa se não o tivesse observado com os meus próprios olhos.

Necessariamente, quanto mais algo é discordante e se opõe aos costumes e usos dos ouvintes, mais difícil se torna acreditar nisso. Mas um observador imparcial e sábio não se surpreenderá, vendo como todas as suas leis e costumes são contrários aos nossos, que apliquem o ouro e a prata a usos diferentes dos que conhecemos. Não o transformam em dinheiro, reservando-o para as ocasiões de necessidade, possíveis, mas incertas. Entretanto, o ouro e a prata reservado para fazer moeda, utilizam-no em objectos, estimando-os apenas pelo valor que a natureza lhes confere, considerando-os muito inferiores em valor ao ferro, tão necessário ao homem como o fogo ou a água. A natureza não deu ao ouro e à prata virtude, cuja falta tenha inconvenientes para o homem, e foi a loucura humana que lhes deu tão grande valor, pela sua raridade. A natureza, pelo contrário, como mãe previdente e amante, oferece a descoberto as coisas melhores e mais necessárias: o ar, a água e o próprio solo. E escondeu no seu seio os produtos vãos e inúteis.

Ora, se os Utopianos encerrassem as suas riquezas numa

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Capa do livro A Utopia
Páginas: 133
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Os capítulos deste livro:
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Capítulo 2 8
Capítulo 3 51