A Linha de Sombra - Cap. 8: VI Pág. 130 / 155

Eu não via nem ouvia mais ninguém por ali; mas quando ergui a voz, murmúrios entristecidos de resposta encheram a to Ida e as sombras que os soltavam apareceram deslocando-se de um lado para outro. Mandei que se estendessem no convés todas as adriças de gávea safas para a manobra de içar.

«Trato eu disso, comandante», disse Ransome, oferecendo-se como voluntário, com a sua voz de tonalidade natural e amável, que reconfortava e ao mesmo tempo inspirava uma compaixão peculiar.

O homem devia era estar na cama a repousar, e mandá-lo para lá era o meu dever mais indiscutível. Mas ele talvez não me tivesse, nesse caso, obedecido. Não tive coragem para o tentar. Limitei-me a dizer-lhe:

«Faça lá isso sem pressas, Ransome.»

De regresso ao tombadilho, aproximei-me de Gambril.

O seu rosto, exposto à luz com sombras profundamente cavadas, tinha um aspecto assustador, o ar do último silêncio. Perguntei-lhe como se sentia, e mal esperava que ele me respondesse. Fiquei pasmado com a sua loquacidade considerável para as circunstâncias.

«Aquelas tremuras do demónio deixaram-me tão fraco como um gatinho pequeno, senhor comandante», disse ele, mantendo perfeitamente a atitude de inconsciência em relação a tudo o que não seja o respectivo serviço que um homem do leme nunca despe. «E mal arranjo algumas novas forças, vem um acesso de calor que me cai em cima e deita ao chão outra vez»

Suspirou. Não havia queixa no tom da sua voz, mas aquelas simples palavras bastaram para me causar uma terrível ansiedade de remorso. Aquilo tornou-me mudo por um pedaço. Quando a impressão de tormento se desfez, perguntei:

«Sente-se com força bastante para impedir que o leme vá todo de encontro se o navio descair a ré? É preciso fazer com que de maneira nenhuma se parta alguma coisa no aparelho do leme numa altura destas.





Os capítulos deste livro