Tufão - Cap. 2: II Pág. 24 / 103

.. quanto mais a um santo…

Todos os chineses no tombadilho pareciam prestes a soltar o último suspiro.

À hora do poente o Sol tinha um diâmetro diminuído e um brilho castanho moribundo, sem raios, como se os milhões de séculos decorridos desde o amanhecer o tivessem aproximado do seu fim. Uma densa acumulação de nuvens tornou-se visível para norte; tinha um sinistro tom de azeitona e pairava baixa e imóvel sobre o mar, parecendo um obstáculo sólido na rota do navio. Este continuava a arrastar-se na sua direcção como uma criatura exausta impelida para a morte. A penumbra acobreada foi-se apagando lentamente, e a escuridão fez aparecer lá em cima um enxame de grandes estrelas instáveis, que, como se alguém as soprasse, palpitavam extraordinariamente e pareciam suspensas muito perto da Terra. Às oito horas Jukes foi à casa de navegação para redigir o diário de bordo.

O imediato do borrador copiou com boa caligrafia o número de milhas, a rota do navio, e na coluna para o «vento» rabiscou a palavra «calmo» de alto a baixo da coluna correspondente às oito horas desde o meio-dia. Sentia-se exasperado pelo balanço contínuo e monótono do navio. O pesado tinteiro escorregava e fugia de uma maneira que sugeria a intenção perversa de se esquivar ao aparo. Tendo escrito no largo espaço debaixo da rubrica «Observações» «Calor muito opressivo», meteu a extremidade da caneta entre os dentes, como se fosse um cachimbo, e enxugou lentamente a face.

«Navio balançando pesadamente com vagas altas de través», recomeçou a escrever, e comentou para consigo: «Pesadamente não é a palavra apropriada. Depois escreveu: «Poente ameaçador com uma acumulação de nuvens baixas para norte e leste. Céu claro por cima.»

Debruçado sobre a mesa com a pena suspensa, Jukes lançou uma olhadela para fora da porta e na moldura da sua visão viu todas as estrelas voarem para cima entre as ombreiras de teca num céu negro.





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