Tufão - Cap. 2: II Pág. 35 / 103

O seu crescimento enchia-lhe os ouvidos enquanto ele se preparava para sair e enfrentar o que quer que aquilo pudesse significar. Era tumultuoso e muito ruidoso - composto da investida do vento, do choque das vagas, com aquela prolongada e profunda vibração do ar, corno o rufar de um imenso tambor marcando o ritmo do assalto da tempestade.

Parou por um momento à luz do candeeiro, entroncado, deselegante, informe na sua panóplia de combate, vigilante e com a face afogueada.

- Isto não é brincadeira nenhuma - murmurou. Logo que tentou abrir a porta o vento apoderou-se dela.

Agarrando-se à maçaneta, foi arrastado para fora por cima da soleira e deu consigo imediatamente empenhado com o vento numa espécie de refrega pessoal cujo objecto era o encerramento daquela porta. No último instante urna língua de ar introduziu-se na cabina e lambeu a chama do candeeiro, apagando-o.

Adiante do navio ele avistou urna grande treva pesando sobre urna multidão de clarões brancos; no vau de estibordo um punhado inesperado de estrelas caíram, indistintas e caprichosas, sobre um imenso ermo de vagas encapeladas, corno se vistas através de urna cortina de fumo levada à deriva.

Na ponte, um grupo de homens, indistintos e azafamados, faziam grandes esforços à luz das janelas da casa do leme, que brilhava confusamente nas suas cabeças e nas suas costas. De súbito a treva fechou-se sobre urna vidraça, depois sobre outra. As vozes do grupo perdido alcançaram-no corno se ouvem as vozes dos homens numa tempestade, em farrapos e fragmentos de gritos perdidos colhidos à passagem pelo ouvido. Nesse mesmo instante Jukes apareceu ao seu lado, gritando, com a cabeça curvada.

- Veja... pôr... estores casa do leme... vidro... receava... fosse pelos ares.





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