O capitão MacWhirr enxugou os olhos. O mar que estivera prestes a levá-lo pela borda fora tinha-lhe, com grande contrariedade sua, arrancado o capuz da cabeça calva.
O cabelo penugento, ruivo, parecia uma meada barata de fios de algodão e ornamentar-lhe o crânio desguarnecido. O vento e a picada dos salpicos avermelhara-lhe a cara que a água do mar fazia luzir. Parecia ter saído a suar da frente da boca de uma fornalha.
- Você aqui? - resmungou pesadamente.
O segundo-piloto tinha ido abrigar-se na casa do leme havia já algum tempo. Tinha-se fixado num canto com os joelhos erguidos, os punhos apertados contra as fontes; e esta atitude sugeria raiva, pesar, resignação, entrega, com uma espécie de rancor concentrado.
- Bem, agora é o meu quarto lá em baixo, não é? - respondeu num tom lúgubre de provocação.
O aparelho do leme soltou vapor e crepitou, parou, tomou a crepitar; os globos oculares do timoneiro pareciam projectar-se de uma face faminta como se a bússola atrás do vidro da bitácula fosse carne.