Tufão - Cap. 4: IV Pág. 65 / 103

O senhor Rout poderia fazer o favor de lhe dizer para falar com o capitão através do tubo de comunicação - do tubo de comunicação de tombadilho, porque ele, o capitão, ia voltar imediatamente para a ponte. Havia um problema qualquer com os chineses. Parecia que andavam à pancada. Fosse como fosse, não podia consentir que andassem à pancada dentro do navio...

O senhor Rout afastara-se e o capitão MacWhirr sentia no ouvido a pulsação das máquinas, como se fosse o pulsar do coração do navio. A voz do senhor Rout gritava qualquer coisa ao longe lá em baixo. O navio mergulhou de proa, a pulsação saltou com um tumulto sibilante, e parou completamente. A face do capitão MacWhirr manteve-se impassível, e os seus olhos estavam fixos distraidamente na forma acocorada do segundo-piloto. De novo a voz do senhor Rout gritou nas profundas, e as batidas do coração recomeçaram, com pulsações lentas - que se iam tomando mais rápidas.

O senhor Rout tinha voltado ao tubo.

- Não importa muito o que eles possam fazer - disse ele, precipitadamente; e depois," com irritação. - Ele dá cada mergulho que parece nunca mais querer voltar a endireitar-se.

- O mar está medonho - disse a voz do capitão lá de cima.

- Não me deixe enfiá-lo no cavado de uma vaga - latiu Salomão Rout pelo tubo.

- Está escuro e chove.' Não se consegue ver o que vem pela frente - proferiu a voz. - É preciso mantê-lo com velocidade suficiente para governar e correr-lhe o risco - continuou a voz a dizer, destacando bem as palavras.

- Estou a fazer tanto quanto me atrevo.

- Estamos a ser muito maltratados cá em cima - pronunciou a voz calmamente. - Mas vamo-nos aguentando bastante bem, apesar de tudo. Claro, se a casa do leme fosse pela borda fora...

O senhor Rout, prestando um ouvido atento, murmurou rabugentemente qualquer coisa em surdina.





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