Mas a voz decidida que vinha da ponte animou-se para perguntar:
- O Jukes já apareceu? - E depois de uma breve pausa: - Eu gostaria que ele desse uma ajuda. Quero que ele se despache e venha para aqui. Estou completamente só. O segundo-piloto foi-se...
- O quê? - perguntou o senhor Rout da casa das máquinas, desviando a cabeça. Depois gritou pelo tubo acima: - Foi pela borda fora? - E colou o ouvido ao bocal.
- Foi-se abaixo, perdeu a calma - continuou a voz lá de cima num tom desprovido de qualquer emoção. - Uma coisa muito desagradável nas presentes circunstâncias.
. O senhor Rout, escutando com o pescoço dobrado, arregalou os olhos ao ouvir isto. Depois ouviu qualquer coisa que parecia o rumor de uma briga e exclamações entrecortadas descendo pelo tubo. Ficou de ouvido atento; e enquanto isso, sem interrupção, Beale, o terceiro-maquinista, com os braços levantados, mantinha entre as palmas das mãos a orla de uma pequena roda preta sobressaindo ao lado de um grande tubo de cobre. Parecia estar a equilibrá-la por cima da cabeça como se aquilo fosse uma atitude adequada em qualquer espécie de jogo.
Para se escorar, Beale apertava o ombro contra a antepara branca, um joelho dobrado e um bocado de trapo entalado no cinto pendendo-lhe sobre a anca. A sua face lisa estava enfarruscada e congestionada, e a poeira de carvão sobre as suas pálpebras, como se estivessem maquilhadas, punha em evidência o brilho líquido dos brancos, dando à sua face juvenil um certo aspecto feminino, exótico e fascinante. Quando o navio mergulhava ele fazia girar a pequena roda com movimentos decididos e rápidos das suas mãos.
- Enlouqueceu - começou a voz do capitão a falar subitamente no tubo. - Atirou-se a mim... Agora mesmo.
