»Há, com certeza, certos pormenores na sua história que, encarados friamente, suscitariam as nossas suspeitas. Aquela quadrilha de ladrões efectuou um roubo de vulto em Sydenham, há quinze dias. Os jornais trouxeram relatos do acontecimento e a descrição dos ladrões que naturalmente viria à ideia de alguém que quisesse inventar uma história na qual interviessem ladrões. Na realidade, os ladrões que têm um golpe de sorte num assalto, o que querem, regra geral, é gozar em paz os frutos obtidos sem embarcar tão depressa noutro perigoso empreendimento. Mais; não é habitual os ladrões actuarem tão cedo, como não é habitual baterem numa senhora para a impedirem de gritar, pois imagina-se que essa é a forma mais segura de ela de facto gritar e não é habitual assassinarem alguém quando o seu número lhes permite dominar essa pessoa. Não é também habitual contentarem-se com um saque limitado quando há mais valores ao seu alcance e finalmente, diria que não é de todo habitual deixarem uma garrafa semivazia. Que é que acha de todas estas improbabilidades, Watson?
- O seu efeito cumulativo é, de facto, considerável e, no entanto, cada um dos factos é, em si, possível.