O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 2: O Caso do Construtor de Norwood Pág. 46 / 363

A Srª Lexington, é esse o seu nome, é uma senhora baixa, escura e calada, comum olhar desconfiado e nada franco. Se quisesse, poderia dizer-nos alguma coisa... estou certo disso. Mas fechou-se como uma ostra. Sim, tinha aberto a porta ao Sr. McFarlane às nove e meia. Antes a sua mão tivesse ficado paralisada. Deitara-se às dez e meia. O seu quarto era na outra extremidade da casa e não podia ouvir nada do que se passava. O Sr. McFarlane deixara o chapéu e, tanto quanto ela sabia, a bengala, no hall. Acordara com o alarme devido ao fogo. O seu pobre e querido patrão fora, certamente, assassinado. Se ele tinha inimigos? Bom, qualquer homem tem inimigos, mas o Sr. Oldacre era uma pessoa muito reservada e só tinha relações de negócios. Ela vira os botões e tinha a certeza de que pertenciam à roupa que ele tinha vestida na noite anterior. A madeira da estância estava muito seca, pois há um mês que não chovia. Ardeu com violência e quando ela chegou ao local só se viam chamas. Ela e os bombeiros tinham sentido o cheiro de carne a arder vindo do interior. Não sabia nada acerca dos documentos, nem dos assuntos privados do Sr. Oldacre.

»Portanto, meu caro Watson, eis o meu relato de um insucesso. E, no entanto, no entanto... - Holmes cerrou as mãos num paroxismo de convicção - sei que está tudo errado. Sinto-o dentro de mim. Há qualquer coisa que não veio a lume e aquela governanta sabe o que é. Havia no seu olhar uma espécie de desafio surdo, que acompanha sempre culpa na consciência. No entanto, não vale a pena falar mais nisto. Watson; mas, a menos que tenhamos um golpe de sorte, temo que o caso do desaparecimento de Norwood não venha a figurar na crónica de êxitos que prevejo que o público paciente mais cedo ou mais tarde terá de suportar.





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