O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 2: O Caso do Construtor de Norwood Pág. 47 / 363

- Com certeza que o aspecto do jovem terá algum impacte junto dos jurados? - disse eu.

- Esse argumento é perigoso, Watson. Lembra-se daquele terrível assassino. Bert Stevens, que queria que o ilibássemos, em 1887? Já viu um homem mais bem educado e pio?

- É verdade.

- A menos que consigamos estabelecer uma teoria alternativa, este jovem está perdido. O caso apresentado contra ele não tem praticamente nenhuma falha e todas as investigações posteriores só serviram para o fortalecer. A propósito, há um pormenor curioso acerca dos documentos que nos pode servir de ponto de partida para uma investigação. Ao estudar o extracto da conta bancária de Oldacre, verifiquei que a razão da má situação financeira se devia principalmente à emissão de cheques de elevadas quantias passados durante o último ano a um tal Sr. Cornelius. Confesso que estou muito interessado em saber quem é este Sr. Cornelius, com o qual um construtor reformado fez tão vultuosas transacções. Será possível que ele tenha tido qualquer participação no caso? O tal Cornelius pode ser um corretor, mas não encontrámos qualquer documento que corresponda a estes pagamentos. Dado não haver qualquer outro indício, a minha investigação tem de assumir a forma de uma consulta ao banco no sentido de saber quem é o senhor que descontou estes cheques. Mas temo, meu caro Watson, que o nosso caso termine ingloriamente com Lestrade a enforcar o nosso cliente, o que certamente constituirá um triunfo para a Scotland Yard.

Não sei se Sherlock Holmes conseguiu dormir naquela noite, mas, quando desci para tomar o pequeno-almoço, encontrei-o pálido e inquieto, com os olhos brilhantes ainda mais brilhantes devido às olheiras escuras.





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