Frei Luís de Sousa - Cap. 3: Acto Terceiro Pág. 105 / 122

quem és tu?

ROMEIRO

(tirando o chapéu e alevantando o cabelo dos olhos)

- Ninguém, Telmo; ninguém, se nem já tu me conheces!

TELMO

(deitando-se-lhe às mãos para lhas beijar)

- Meu amo, meu senhor… sois vós? Sois, sois. D. João de Portugal, oh, sois vós, senhor?

ROMEIRO

- Teu filho já não?

TELMO

- Meu filho!… Oh! é o meu filho todo; a voz, o rosto… Só estas barbas, este cabelo não… Mais branco já que o meu, senhor!

ROMEIRO

- São vinte anos de cativeiro e miséria, de saudades, de ânsias que por aqui passaram. Para a cabeça bastou uma noite como a que veio depois da batalha de Alcácer; a barba, acabaram de a curar o sol da Palestina e as águas do Jordão.

TELMO

- Por tão longe andastes!

ROMEIRO

- E por tão longe eu morrera! Mas não quis Deus assim.





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