Primaveras Românticas - Cap. 5: Maria Pág. 53 / 118
Embala a alma opressa
De quem já não tem mais
No céu, do que as estrelas,
Na terra, que seus ais...
A última esperança
De quem só vê no mundo
Teu riso de criança...
Minha última ilusão...
É leve - tem o peso
D'um ermo coração -
De paz e de inocência,
As minhas horas últimas
De inútil existência...
Que, enfim, durmam também:
Sê, flor, meu universo,
Criança, a minha mãe!
VIII
E me vele esta noite de tal frio...
E, com as mãos piedosas, até o fio
De meu pobre existir, meio partido...
Ao passar pelo sítio mais sombrio...
Me banhe e lave a alma lá no rio
Da clara luz do seu olhar querido...
De quem já não tem mais
No céu, do que as estrelas,
Na terra, que seus ais...
Embala no teu peito
A última esperança
De quem só vê no mundo
Teu riso de criança...
Embala nos teus braços
Minha última ilusão...
É leve - tem o peso
D'um ermo coração -
Embala, no teu berço
De paz e de inocência,
As minhas horas últimas
De inútil existência...
Embala as minhas dores,
Que, enfim, durmam também:
Sê, flor, meu universo,
Criança, a minha mãe!
VIII
Mãe - que adormente este viver dorido,
E me vele esta noite de tal frio...
E, com as mãos piedosas, até o fio
De meu pobre existir, meio partido...
Que me leve consigo, adormecido,
Ao passar pelo sítio mais sombrio...
Me banhe e lave a alma lá no rio
Da clara luz do seu olhar querido...