«Passai, bem como as ondas 
«Que vão pelo alto mar... 
«Passai, como aos que choram 
«Os leva o seu penar...
 
 
«Visões, que andais à tarde 
«Rodando pelo céu, 
«Bem como véus que acenam 
«Por trás dum gineceu,
 
 
«Se alguém vos deu a altura 
«E o brilho e a cor - olhai 
«Que quanto há de formoso 
«Não val sequer um ai!
 
 
«Não há já luz que dure! 
«E não se pode crer 
«Na chama das estrelas 
«Que estão sempre a tremer;
 
 
«E o canto da ave mente, 
«E mente o olhar da mãe 
«Velando o pobre filho 
«Que entre seus braços tem;
 
 
«Se é certo que eu no mundo 
«Não tenho já onde ir... 
«Se até os olhos dela 
«Também podem mentir!»
 
 
 XII
 
 
Muita gente me diz, a ver se acabo 
Com os prantos que choro, 
Que não valem os curtos anos dela 
O meu comprido choro: