II
 
 
A lua, essa é que não dorme! 
Essa não pode quedar! 
Parece que tem amores... 
Que não sabe descansar!
 
 
O céu, o céu é tão grande! 
O peito é tão solitário! 
Assim é que vamos ambos, 
Cada qual com seu fadário!
 
 
Não morre a ave de fome 
No meio da natureza... 
Só nós somos dois mendigos... 
Tanta luz e tal pobreza!
 
 
Não morre a fera nos bosques, 
Não morre a fera, mulher, 
Sem ter amado e vivido... 
Só eu morro sem te ver!
 
 
Eu sou pobre como as ervas 
Dos montes, por fins de estio... 
Como os astros, que não param... 
Como as areias do rio...
 
 
Da minha herança perdida 
Só três jóias me ficaram... 
Como o mundo as não prezasse, 
Nunca lá mas cobiçaram...