Maria Moisés - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 80 / 86

– Vossemecê é o Sr. Francisco Bragadas? – perguntou o general.

– Para o servir. Não conheço a sua pessoa.

– É o Sr. general Queirós, da casa de Cimo de Vila.

– Ah! Bem me lembro dele quando era moço, ali como aquele meu neto. Quantas vezes nós conversámos no rio! Eu andava com as redes, e ele pescava à cana na Ínsua. Está muito acabado, e mais V. S.ª não é velho. Velho sou eu que já tenho dois carros e mais um. Neste comenos, chegou o rapaz que levara o recado, dizendo que a senhora mandava subir para a sala.

Queirós, subindo as escadas, amparava-se no braço de Gonçalves Penha, e dizia-lhe ao ouvido:

– Nunca me senti neste abatimento nos combates do Recife e do Lima. As batalhas do coração são as piores. Esta impressão para mim vem tarde.

– Então, coragem! – alentou o desembargador.

Pouco depois que entraram à sala, apareceu Maria Moisés. Ergueram-se todos; mas o general apenas fez um gesto. Não pudera, e sentara-se, balbuciando palavras que não se perceberam.

Maria era alta, refeita, loura e bela como Josefa de Santo Aleixo; mas de uma beleza mais senhoril, menos rica do colorido da saúde e das insolações tépidas, e do ar puro das serras. Tinham passado por ela alguns anos de convento, e uma vida longa de domesticidade, que desmaia a epiderme compensando-a nas graças mórbidas da beleza aristocrática.





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