Uma Praga Rogada nas Escadas da Forca - Cap. 12: XI Pág. 19 / 29

Paulo Botelho estremeceu na cadeira, quando viu aquela alvejar de uma larva, ajoelhada nos degraus da tribuna.

Deu-se um profundo silêncio de alguns minutos.

Eulália já não podia coordenar as ideias que poucos dias antes clamara no coro. O sorriso da loucura, o gemido sufocante, uma lágrima embebida logo no ardor das faces, e algumas palavras entaladas, e apenas inteligíveis, eram alternativas que a tornaram mais lastimável durante alguns minutos.

A mulher e três filhas de Paulo Botelho, que a viram entrar, correram ao tribunal, e quiseram arrastá-la dali. Era impossível. A estátua parecia chumbada sobre o seu túmulo.

A família do juiz julgou conveniente empregar o insulto como solução. Falavam do justiçado com certa náusea, que elas supuseram ser o bálsamo para a ferida mortal de Eulália. Paulo Botelho, coadjuvando as razões da sua família, cobria de impropérios afrontosos o homem que, pouco depois, havia de perdoar as injúrias com a cabeça no laço da forca.

A exaltação aflitiva de Eulália tinha tocado o ponto culminante da morte, ou da alienação irremediável.

- Inocente! Inocente! - eram os gritos únicos, as derradeiras palavras que os lábios daquela mulher tinham de proferir.





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