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Capítulo 15: XIV

Página 23
XIV

Através da multidão abriu-se uma clareira para deixar passar um homem, que devia representar um principal papel naquele festim da lei.

Convergiram todas as atenções para aquele ponto.

Era Pedro Leite - ainda o pregoeiro da inocência de Bernardo, com a face cadavérica das longas noites que chorara sobre o túmulo de seu filho único.

Quem disse a este homem que Bernardo da Silva era um inocente?

Que força oculta o arrasta a abençoar nas escadas da forca o assassino de seu filho?

Fenómenos ocultos da Providência! A voz de Deus, soando pelos lábios do mistério! Explicai-me as operações de Deus, e eu vos explicarei a inspiração sobrenatural que obriga a balbuciarem o perdão os lábios que beijaram morto um filho estremecido...

Pedro Leite aproximou-se do justiçado. Ninguém lhe embaraçou o passo.

Cheio de majestade, de poesia fúnebre, e de santo terror, falou assim:

- Eu venho pedir o seu perdão à beira do patíbulo. Fui eu que o arrastei até o tribunal em que foi condenado; mas não sou eu que o arrasto aqui. Bradei em favor da sua inocência. Pedi, há momentos, a suspensão deste acto, em que minha dor será mais... muito mais prolongada que a sua. Não me ouviram: impuseram-me silêncio, e mandaram-me sair do santuário da lei, que resfolegava sangue pela boca do seu sacerdote.

"Venho pedir o seu perdão, nas escadas da forca, e vazar o fel, que me devora a consciência, na consciência do juiz implacável que pede a sua cabeça a altos gritos!"

Ouviu-se um prolongado murmúrio. Era a onda popular que refervia sopesada entre as rochas da sua impotência moral, naqueles dias, em que o sangue dum plebeu continuava a operação regeneradora do sangue de Jesus Cristo.

Bernardo ouviu com presença de espírito a exclamação de Pedro Leite.

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pág. 23 (Capítulo 15)

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Capa do livro Uma Praga Rogada nas Escadas da Forca
Páginas: 29
Página atual: 23

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Prefácio 1
I 2
II 3
III 4
IV 6
V 8
VI 9
VII 11
VIII 12
IX 14
X 17
XI 18
XII 20
XIII 22
XIV 23
XV 26
Conclusão 27