- Eis, minha filha, uma excelente oportunidade, pois o fogo é tão perto que pode lá chegar antes de a rua ser bloqueada pela multidão – acrescentou. - Corra àquela casa e diga à senhora, ou a quem quer que seja, que vai ajudá-la a mando de tal fidalga. - Indicou o nome de outra senhora conhecida da primeira e moradora mais acima, na mesma rua, e deu-me idênticas instruções respeitantes à casa ao lado da sinistrada, indicando também o nome de uma conhecida da família.
Lá fui e, ao chegar à casa incendiada, encontrei todos numa grande confusão, como podeis supor. Entrei a correr e, ao cruzar-me com uma das criadas, perguntei-lhe, com ar muito preocupado:
- Meu Deus, como aconteceu este terrível acidente? Onde está a sua ama? Encontra-se em segurança? E os meninos? Venho mandada por Ma dam..., para as ajudar.
A criada afastou-se, a gritar com toda a força dos seus pulmões:
- Minha ama, minha ama, está aqui uma senhora mandada por Ma- dam... para nos ajudar!
A pobre senhora veio ao meu encontro, meio louca, com um embrulho debaixo do braço e duas crianças pequenas pela mão.
- Meu Deus - exclamei -, deixe-me levar as pobres crianças para casa de Madam...; foi ela que o mandou pedir e tomará conta dos inocentinhos.
Tirei-lhe imediatamente uma das mãos e ela estendeu-me a outra para o colo. - Oh, leve-as, pelo amor de Deus, leve-as! - suplicou. - E agradeça-lhe da minha parte a sua bondade.
- Não deseja que lhe ponha nada mais em lugar seguro, minha senhora? - perguntei. - Ela tomará conta do que for preciso.
- Oh, que Deus a abençoe e lhe agradeça! Leve-lhe também este embrulho de prata. É uma boa mulher! Estamos arruinados! - Afastou-se a correr, de cabeça perdida, as crianças foram atrás dela e eu saí com as duas crianças e o embrulho.